por Ronaldo Lundgren
Conhecimento tácito: o papel do líder
“Nós conhecemos mais do que podemos dizer” (Michael Polanyi, 1966). Essa afirmação tem servido a muitos estudos acadêmicos sobre conhecimento.
Que tipo de conhecimento uma pessoa possui? Existe um consenso entre vários estudiosos, grupando o conhecimento em duas grandes vertentes: o conhecimento explícito ou codificado; e o conhecimento tácito.
(Figura de Nonaka e Takeuchi)
Falar de conhecimento é complicado. Muitos trabalhos acadêmicos abordam o tema com uma enorme profundidade. Minha intenção não é entrar nessa seara.
Os tipos de conhecimento
Para efeito deste post, vamos definir que o conhecimento explícito é aquele obtido pelo estudo. É um conhecimento que está codificado. Ou seja: existem cursos, livros, treinamentos, estágios, etc., que uma pessoa pode fazer, aprender e conhecer um determinado assunto. A pessoa pode se especializar.
Já o conhecimento tácito vem das experiências vividas ao longo da vida. Se o conhecimento explícito me dá a base para tocar violão, é do conhecimento tácito que eu aprendo com o professor e outros músicos aquelas dicas para dedilhar as cordas, tamborilar no corpo do violão, sentir a melodia fluir pelo corpo.
Para pesquisadores como Polanyi, Nonaka e Takeuchi, a dimensão tácita do conhecimento existe por trás de nossa consciência. A pessoa faz sem perceber que está fazendo.
A melhor maneira de transmitir o conhecimento tácito é pela demonstração e prática, tal qual a clássica relação Mestre-Aprendiz, onde a observação, imitação, correção e repetição são utilizadas no processo de aprendizagem (Polanyi, 1966; Nonaka, 1991).
Várias organizações buscam reter o conhecimento tácito que os seus colaboradores possuem. Mais ainda, buscam atrair pessoas de outras organizações, agregando o conhecimento que elas trazem ao patrimônio da organização.
Além de procurar reter o conhecimento e buscar atrair conhecimento de fora, as organizações estão preocupadas em estimular o desenvolvimento do conhecimento tácito, “distribuindo-o” dentro da organização, de modo a incentivar o processo de inovação.
O papel do líder
E o que é que o líder tem a ver com conhecimento tácito? Cabe a ele estabelecer a cultura organizacional, o espírito de corpo, melhorar a qualidade de vida de todo o grupo, a fim de reduzir os entraves, a inibição que a hierarquia pode causar, criando um ambiente favorável para a troca de experiências e para o desenvolvimento da inovação.
Esse ambiente ideal, denominado por Nonaka como “Ba“, é o lugar no qual o conhecimento é compartilhado, criado e utilizado. Esse conceito acadêmico pode se tornar real por intermédio do líder. Como?
Defina objetivos para sua organização. “Venda” esses objetivos para todo o grupo. Estimule as pessoas a expressarem suas próprias ideias, sem ficarem amarradas à corrente da hierarquia. Melhore a qualidade de vida de seus colaboradores, pelo menos no ambiente de trabalho. Crie uma cultura de respeito e inovação. Aí você terá o seu Ba.
E agora…
Agora compartilhe! Passe este conhecimento para outras pessoas. Não guarde apenas para você.