Poder e influência
Liderar é a capacidade de influenciar outras pessoas para, juntas, conquistarem objetivos de interesse para o grupo.
Como acontece esse processo de influência? Como é exercido esse poder?
Compreender o poder interpessoal e seu exercício é fundamental para um melhor entendimento do fator humano nas organizações. Administradores lidam com o poder para dirigir seus funcionários. De que forma, então, podem usá-lo para liderar com mais aceitação e eficácia?
O Conceito de Poder
Poder é a capacidade de exercer influência.
Muitos autores definem-no de forma semelhante:
- Max Weber: “Poder é a capacidade de alguém impor sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas”.
- Joaquim Sérgio de Oliveira Corrêa: “Poder social é uma força que exerce influência na conduta das pessoas”.
- Amitai Etzioni: “Poder é habilidade de um ator para induzir outro a seguir sua orientação”.
- David Hampton: “Poder é a capacidade de exercer influência”.
Assim, aquele que tem poder, possui, em algum nível, a capacidade de influenciar.
O poder nas relações humanas pode ser dividido em dois grupos:
- Poder interpessoal – capacidade de um indivíduo influenciar uma ou mais pessoas.
- Poder social – capacidade de um grupo humano de influenciar uma ou mais pessoas ou capacidade de uma coletividade realizar influência social.
Influência Interpessoal
Influência é a relação sistêmica entre influenciador e influenciado.
Ela se dá quando o influenciador atua e quando o influenciado manifesta efeitos em seu comportamento provocados pelo influenciador.
A influência interpessoal envolve uma pessoa como o “influenciador” e uma ou mais pessoas como “influenciados”.
O influenciador realiza um processo com o objetivo consciente de produzir efeitos no comportamento do outro. Ele pode usar diferentes estratégias, diferentes processos e diferentes tipos de influência.
A fim de classificar os tipos de influência, olhamos para classificações feitas por diversos autores quanto a formas de se influenciar. Algumas são:
- Galbraith define três tipos de exercício de poder: o poder compensatório, o condigno e o condicionado.
- Chiavenato apresenta quatro graus de influenciação: coação, persuasão, sugestão e emulação.
- Keith Davis apresenta dois tipos de liderança: a liderança positiva e a negativa.
- Etzioni apresenta três tipos de poder: o poder coercivo, o poder remunerativo e o poder normativo.
- Murray Sidman apresenta dois tipos de controle (influência): a coerção e o controle não coercitivo.
Na busca de conciliar tantas abordagens distintas e complementares, o ponto de partida é buscar uma área de consenso ou, pelo menos, de relativa concordância entre diversos autores. Essa concordância se dá na dupla natureza do poder, uma “boa” e outra “má”.
Influências divergentes e convergentes
Usamos essa noção para criarmos dois grandes grupos de influências:
- as Influências Divergentes (o lado negativo do poder); e as
- Influências Convergentes (o lado positivo do poder).
Nada melhor para se saber o que é uma influência negativa e uma influência positiva do que perguntar às pessoas como se sentem em relação a ela.
Aquelas influências que as pessoas não aprovam ou não desejam sofrer são as influências divergentes. O interesse do influenciador diverge do interesse do influenciado quanto ao processo de influência empregado.
Por sua vez, as influências convergentes, embora as pessoas não necessariamente desejem sofrê-las, elas não as repudiam. Consideram-nas aceitáveis, pois os interesses do influenciador não contrariam os interesses do influenciado no que concerne à forma como a influência é realizada.
Assim, é de se esperar que as pessoas não desejam ser intimidadas, manipuladas ou punidas (influências divergentes), mas acham que é aceitável ser compensadas, reforçadas ou persuadidas (influências convergentes).
Exercício do poder
O exercício do poder pode ser realizado da seguinte maneira.
No caso das Influências Divergentes:
- Intimidação;
- Manipulação;
- Inferiorização;
- Pressão;
- Influências passivas; e
- Punição.
Já as Influências Convergentes se dividem em:
- Influências diretas;
- Compensação;
- Reforço; e
- Persuasão.
Nível e Eficácia de uma Influência
Uma influência é eficaz quando produz (no influenciado) os efeitos pretendidos (pelo influenciador).
Uma influência possui um nível, em função dos efeitos produzidos. Estes variam em intensidade devido a três aspectos:
- amplitude da influência – Diz respeito à quantidade de efeitos comportamentais gerados pela influência.
- significância da influência – Refere-se ao grau de satisfação ou insatisfação que o efeito comportamental gera no influenciado.
- período médio de influência – Diz respeito à duração temporal da manifestação dos efeitos.
Assim, maior é o nível de uma influência quando os efeitos comportamentais gerados são vários, significativos e duradouros.
Análise do Poder Interpessoal
Poder é a capacidade de exercer determinado tipo de influência.
Cada tipo de poder possui um nível máximo de influência que se é capaz de exercer.
Para analisarmos o poder interpessoal, devemos estar atentos a três condições:
O poder só existe em uma relação diádica.
A relação de poder é sempre formada por uma díade (dois elementos).
Aquele que tem poder (o influente) e o outro sobre quem ele tem poder (o influenciável). Por exemplo:
- o policial tem poder sobre os cidadãos;
- o bandido tem poder sobre sua vítima;
- o líder tem poder sobre seus seguidores.
Um mesmo influente pode ter níveis diferentes de poder em função de quem seja o influenciável. Por exemplo: um chefe é capaz de influenciar seus subordinados, através de ordens (portanto, tem poder sobre eles). Mas não tem o mesmo poder para influenciar pessoas que não sejam seus funcionários.
A relação de poder está inserida em um contexto que influi no nível de poder.
O nível de poder do influente sobre um mesmo influenciável pode variar em função do momento e do contexto em que a relação de poder está inserida.
O sujeito que hoje é chefe e tem poder sobre seus subordinados, amanhã pode ser despedido e perder seu poder. Da mesma forma, o chefe que tem poder sobre seus subordinados no ambiente de trabalho, perde o poder quando fora do contexto.
O nível de poder pode ser diferente para cada tipo de poder.
Para se analisar o nível de poder de um influente sobre determinado influenciável em determinada situação tem-se também que deixar claro que tipo de poder se está considerando.
Assim, uma coisa é estimarmos o nível de poder de intimidação de uma pessoa e outra é estimarmos seu nível de poder de persuasão.
Se simplesmente dissermos que uma pessoa tem poder, estaremos sendo vagos em nossa declaração, uma vez que é natural que o nível de poder varie de tipo para tipo.
Fontes de Poder e de Anulação de Poder
O que determina o nível de poder são as fontes de poder e as fontes de anulação de poder presentes na relação.
Fonte de poder
É toda variável que aumenta o nível de poder. Exemplos:
- dispor de dinheiro é uma fonte de poder para compensar pessoas (um tipo de influência);
- autoridade legítima em uma organização é fonte de poder para influências diretas, ou seja, para dar ordens e instruções;
- possuir armas é fonte de poder de intimidação; etc.
Fonte de anulação de poder
Toda variável que diminui o nível de poder. Exemplos:
- a desonestidade do influente é fonte de anulação do poder de persuasão;
- a independência do influenciável é fonte de anulação do poder de intimidação; etc.
Podemos entender que o nível de poder é resultante da diferença entre as fontes de poder e as fontes de anulação de poder presentes na relação.
As fontes de poder e fontes de anulação de poder têm três origens: o influente, o influenciável e a situação.
São fontes devidas ao influente: posse de conhecimento, posse de armas, carisma, credibilidade etc.
As fontes devidas ao influenciável: “mau ouvinte”, dependente, indefeso, carente, assertivo, agressivo, armado etc.
As fontes também podem advir de características da situação. Exemplos: um ambiente barulhento; presença de plateia; estrutura organizacional; alternativas de escape ou fuga; clima e cultura do grupo; etc.
Assim, originadas no influente, no influenciável ou na situação, as fontes de poder ou de sua anulação se combinam, produzindo o nível de poder do influente. Ou seja, definindo o máximo nível de influência que ele é capaz de exercer.
Considerações finais
O influente será eficaz toda vez os efeitos pretendidos sejam inferiores a seu nível de poder. Portanto, quanto maior o nível de poder, maior a possibilidade de realizar, com eficácia, influências de maior nível.
Liderar é influenciar. General, a síndrome do “impostor” pode confundir um Líder?
Boa pergunta, Luis Carlos. Em uma rápida pesquisa, encontrei que “A síndrome do impostor é caracterizada por pessoas que têm tendência à autossabotagem. Então, o indivíduo constrói, dentro da cabeça dele, uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência.” Considerando este conceito da síndrome do impostor, vemos que os 4 verbos que ajudam no desenvolvimento da liderança, SABER – SER – FAZER – COMUNICAR – são impactados, em graus diferentes, na atitude de alguém que sofre dessa síndrome. Então, o líder terá mais dificuldade em conhecer mais profundamente esse liderado. O que pode ser feito para mitigar uma situação dessa? Acredito que palestras sobre o assunto possam alertar os integrantes da equipe, e o próprio líder, para a questão. Por outro lado, o líder tem que manter o foco no cumprimento da missão. O grupo precisa conquistar o objetivo no tempo previsto. Membros da equipe que apresentam situações de saúde merecem receber a atenção e o tratamento devidos, mas a missão continua.
Obrigado pelo questionamento. Você me ajudou a pensar mais sobre liderança, tema tão apaixonante.