Liderança autocrática também tem seu lado bom

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por Ronaldo Lundgren.

Liderança autocrática também tem seu lado bomLiderança autocrática também tem seu lado bom

Para os pesquisadores Annebel H.B. De Hoogh, Lindred L. Greer e Deanne N. Den Hartog,

O comportamento do líder autocrático é frequentemente visto como negativo para o moral e o desempenho da equipe.

No entanto, teorias sobre hierarquia social sugerem que a liderança autocrática também pode afetar positivamente a moral e o desempenho.

Isto se dá por meio da criação de um ambiente de previsibilidade e segurança psicologicamente atraente, ordenado hierarquicamente.

A liderança autocrática pode promover a segurança psicológica dos liderados quando os integrantes aceitarem a hierarquia dentro da equipe.

Em contraste, quando os membros desafiam a hierarquia e se envolvem em lutas de poder, o comportamento dos líderes autocráticos colidirá com a competição da equipe pelo poder. Isto irá frustrar os membros, prejudicando a segurança e o desempenho psicológico.

Quando as lutas pelo poder da equipe são baixas, a liderança autocrática está positivamente relacionada à segurança psicológica da equipe. Estando portanto, indiretamente relacionada ao desempenho da equipe.

Quando as lutas pelo poder são altas, a liderança autocrática estava negativamente relacionada à segurança psicológica da equipe. E, portanto, está indiretamente relacionada negativamente ao desempenho da equipe.

Liderança e poder

A quantidade de poder que os líderes estão dispostos a compartilhar com os membros de sua equipe é um tópico importante tanto na pesquisa quanto na prática.

A liderança autocrática é caracterizada pela centralização do poder decisório e diretivo em um único líder dominante. Ela cria uma hierarquia entre os liderados claramente definida.

Estudiosos e consultores criticam a liderança autocrática pelo efeito desmoralizador que a centralização do poder de um líder autocrático pode ter no clima da equipe e, portanto, no seu desempenho.

Ou seja, a centralização de poder pode ativar os sentimentos dos membros da equipe de serem desvalorizados, prejudicando o clima e o desempenho da equipe.

No entanto, existem evidências de que a liderança autocrática nem sempre é prejudicial e pode às vezes também facilitar o funcionamento da equipe.

A liderança autocrática pode, sob certas condições, ter o potencial de beneficiar, em vez de prejudicar o clima e o desempenho da equipe, por meio da criação de uma ordem hierárquica psicologicamente atraente dentro da equipe.

O que pode determinar a eficácia da liderança autocrática é a presença de lutas de poder ou competição dentro da equipe.

Quando os membros aceitam a estrutura de poder dentro da equipe (as lutas de poder da equipe são baixas), os comportamentos de líderes autocráticos podem facilitar uma equipe interpessoal fluida, clara e previsível. O que é positivo para o clima e para o desempenho da equipe.

Em contraste, quando a estrutura de poder dentro da equipe é desafiada, os comportamentos de poder centralizador dos líderes autocráticos vão colidir com a competição pelo poder dos membros da equipe e podem ativar os sentimentos de ressentimento e tensão da equipe.

Em tais situações, é menos provável que a liderança autocrática crie um ambiente psicologicamente seguro. Assim, ela pode prejudicar o desempenho da equipe.

Considerações finais

Embora a liderança autocrática seja frequentemente vista como negativa para o moral da equipe e, portanto, para o desempenho da equipe, os resultados do estudo indicam que a liderança autocrática também pode ter valor para criar ordem e segurança psicológica nas equipes.

Dependendo do nível de lutas de poder dentro da equipe, os líderes autocráticos podem servir como ditadores diabólicos ou como comandantes capazes.

Referência(s)

Este post é baseado no artigo de Annebel H.B. De Hoogh, Lindred L. Greer, Deanne N. Den Hartog – Diabolical dictators or capable commanders? An investigation of the differential effects of autocratic leadership on team performance.

publicado
Categorizado como Liderança

Por Ronaldo Lundgren

Possui graduação pela Academia Militar das Agulhas Negras; é Mestre em Estudos Estratégicos pelo US Army War College; e Doutor em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

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