A integridade da liderança – como os poderosos caíram
A integridade é frequentemente descrita como: Fazer a coisa certa, mesmo quando ninguém está olhando.
Comumente atribuída a CS Lewis – presumivelmente quando ninguém estava assistindo – a máxima se mostra muito popular nas redes sociais.
A citação – quem quer que a tenha dito primeiro – expõe elegantemente talvez a principal razão pela qual a verdadeira integridade é tão evasiva, pelo menos nos outros, se não em nós mesmos.
Em termos de seu impacto na liderança, Dwight D. Eisenhower foi inequívoco:
- A qualidade suprema da liderança é a integridade inquestionável. Sem ela, nenhum sucesso real é possível, seja em uma gangue, em um campo de futebol, no exército ou em um escritório.
Falta de integridade
Mas antes de explorarmos a natureza da integridade, vamos primeiro olhar para exemplos de falta de integridade em líderes e alguns dos fatores em jogo:
Robert Maxwell – o barão da mídia que roubou 440 milhões de libras dos fundos de pensão da empresa, descoberto após sua morte em 1991.
Steve Smith – O capitão australiano de críquete admitiu cumplicidade na adulteração de bola durante uma turnê pela África do Sul e foi banido por 12 meses.
Bill Clinton – negou e posteriormente admitiu um relacionamento que ‘não era apropriado’.
Nick Leeson – um corretor de derivativos que fez negociações fraudulentas, não autorizadas e especulativas, que levaram diretamente ao colapso do Barings Bank em 1995 e a uma sentença de prisão.
A linha comum que permeia todos esses casos é uma base de ortodoxia, sucesso e integridade. Nenhum desses culpados, até onde se sabe, iniciou suas carreiras com a intenção de obter uma vantagem fora da lei ou dos códigos éticos de conduta geralmente aceitos.
Cada perpetrador cometeu pelo menos um dos sete pecados capitais: Maxwell, Ganância; Smith, Inveja; Clinton, Luxúria; Leeson, Orgulho.
Mas como exemplos de liderança bem-sucedidos sucumbiram ao cair de seus pedestais dessa maneira espetacular?
Corrupção
Podemos lançar alguma luz sobre isso considerando a palavra corrupto, que como antítese de integridade, traz uma sensação de quebra ou dilaceração.
Bill Clinton era admirado por sua habilidade de manter uma personalidade pública inalterada. Como disse George Plimpton:
Este é um homem que é capaz de se levantar e fazer um discurso sem precisar de assessores aparecendo por trás de sua cabeça.
Em termos psicológicos, trata-se do uso da compartimentalização como um ‘mecanismo de defesa psicológico subconsciente usado para evitar a dissonância cognitiva, ou o desconforto mental e a ansiedade causados pelos valores, cognições, emoções, crenças etc. conflitantes de uma pessoa dentro dela mesma.’
Nesse ponto, a mecânica da corrupção começa a se esclarecer.
Assim que se ergue qualquer barreira que separe duas partes de um todo, a integridade fica comprometida. E se essas partes são separadas à força como um antídoto para a dor da dissonância cognitiva, então ocorre uma quebra ou rasgo que é a base da corrupção.
Na prática, isso significa que partes de nossos mundos mentais se dissociam do todo e não mais caem no âmbito de nossas faculdades de discriminação. Se a involução continuar, a saúde psicológica da pessoa pode ficar comprometida.
Significativamente, a corrupção nesses termos é um processo interno, não atribuível a influências externas.
Por mais atraente que seja nossa definição original de integridade, ela é fundamentalmente falha: alguém está sempre observando.
Esse alguém é você e você é, na realidade, o único qualificador significativo do que você faz. Assim que começamos a nos submeter a pontos de referência externos, mais uma vez, comprometemos nossa integridade.
Fortalecer a integridade
Então, como podemos fortalecer nossa integridade e evitar a corrupção que pode derrubar os poderosos?
Em primeiro lugar, precisamos ter muito claro que nosso senso do que é certo e do que não é só pode vir de nós mesmos e de mais ninguém. Qualquer referência a uma fonte externa de discriminação moral é uma abnegação de responsabilidade que inevitavelmente levará ao tipo de erro de julgamento descrito acima.
Temos que refinar e sensibilizar nossas próprias faculdades internas através do olhar sistemático para dentro e explorar nossas dimensões e dinâmicas internas.
Isso requer um compromisso diário, para toda a vida.
Considerações finais
Algumas dicas simples podem ajudar você, como profissional, a encontrar sua própria integridade – e são atitudes que podem inspirar a cultura daqueles com quem você interage:
1. Demonstre honestidade e profissionalismo o tempo todo
Seja nas comunicações ou nas entregas. É importante respeitar prazos, dar visibilidade sobre o andamento de projetos/processos e reportar resultados ao final.
2. Esteja disponível para ajudar
Pelo conceito de integridade da Fundação Estudar, ser íntegro é resolver um problema que você sabe como resolver. Por isso, se você está em uma posição em que pode ajudar com algum aspecto que está dificultando o trabalho de um colega, ou que possa contribuir para o seu desenvolvimento, faça um esforço de apoiá-lo. Isso pode alavancar os resultados da equipe como um todo, além de estimular um ambiente mais colaborativo.
3. Mantenha o locus interno de controle
Aprenda a reconhecer a sua responsabilidade, tanto pelo que deu certo quanto pelo que não deu. Peça desculpas se fez algo de errado, ao invés de culpar outros ou as circunstâncias.
4. Respeite a diversidade
De opiniões, de perspectivas, até mesmo de valores. Em discussões, esteja aberto a ouvir posições diferentes e a dialogar com curiosidade genuína e respeito. Este é um sinal de maturidade.
A nossa integridade pertence à nós, não às organizações para as quais trabalhamos. E é responsabilidade de todos os colaboradores construir um ambiente aberto, de relações sustentáveis, em que departamentos de Compliance não sejam mais necessários.
Referência(s)