Inclusão nas organizações
[…] quando é proposto trabalho em grupo, não me sinto motivada, pois não me sinto à vontade, me sinto deslocada, na verdade, não gosto. Acho que existem poucos, um ou dois, que se sentem donos da verdade e não deixam os outros opinarem, isso vive ocorrendo nos grupos que participo, acho que é por isso que tenho resistência.
No ambiente de trabalho, muitas vezes nos deparamos com situações em que o trabalho em grupo é necessário. No entanto, algumas pessoas podem se sentir desmotivadas, desconfortáveis e deslocadas nesse contexto.
Essa resistência pode estar ligada à presença de indivíduos que se sentem donos da verdade e não permitem que os outros expressem suas opiniões. Essa dinâmica é comum em diversos grupos e pode gerar barreiras à colaboração efetiva.
No artigo “Trabalho em Grupo: Vivências de Alunos de Enfermagem”, escrito por Keylla Mara Campos da Silva e Adriana Katia Corrêa, é destacado o desafio crescente da gestão da força de trabalho diversificada.
Um dos principais obstáculos enfrentados pelos gestores é a falta de compreensão da dinâmica dos grupos e a incapacidade de superar atitudes preconceituosas, limitando assim o potencial de uma força de trabalho multicultural.
Diversidade
A valorização da diversidade é fundamental, mas é preciso ir além e criar um ambiente de trabalho inclusivo.
A inclusão organizacional não é um comportamento natural e padrão das pessoas, pois tendemos a buscar afinidades com aqueles que são similares a nós em algum aspecto. No entanto, para que o trabalho em grupo seja eficaz, é essencial superar essas preferências e construir um ambiente que acolha e valorize a diversidade.
A inclusão psicológica, um conceito em ascensão na literatura, refere-se ao sentimento de ser bem-vindo e valorizado como membro de uma equipe ou organização.
Envolve o acesso a informações e recursos, participação ativa no grupo de trabalho e permissão para influenciar nas decisões. A inclusão não se limita ao indivíduo, mas também engloba os processos formais de tomada de decisão e acesso a informações.
Cultura de inclusão
Para promover uma cultura de inclusão no trabalho em grupo, é importante adotar comportamentos inclusivos, que podem ser resumidos em seis componentes:
Criar um ambiente de segurança
Estabelecer limites claros, tanto físicos quanto psicológicos, que permitam o compartilhamento de recursos, ideias e perspectivas. Ter credibilidade para expressar visões, ideias e diferenças.
Reconhecer os outros
O simples ato de cumprimentar e reconhecer os colegas de trabalho é essencial para promover a experiência de inclusão. É importante evitar o desprezo ou a falta de reconhecimento, especialmente para aqueles em posições de menor status.
Lidar com conflitos e diferenças
A diversidade traz consigo conflitos e diferenças. Participar de workshops sobre diversidade e sensibilização e desenvolver habilidades para lidar com esses desafios contribui para uma experiência mais inclusiva.
Ser capaz e ter vontade de aprender
A capacidade e a disposição para aprender estão diretamente relacionadas à experiência de inclusão. Quando os membros do grupo demonstram comportamentos inclusivos, facilita-se o processo de aprendizagem.
Usar e dar voz
É fundamental proporcionar oportunidades para que todos possam expressar suas opiniões e serem ouvidos. Comportamentos inclusivos relacionados à voz incluem uma comunicação clara e uma escuta atenta, para que os outros se sintam ouvidos e compreendidos.
Aumentar a representação de grupos minoritários
A presença de pessoas diversas em todos os níveis da organização contribui para a experiência de inclusão. Isso faz com que os membros desses grupos se sintam incluídos e percebam que seus aspectos de identidade social são aceitos e respeitados.
Considerações finais
Ao cultivar uma cultura de inclusão no trabalho em grupo, criamos um ambiente mais colaborativo e produtivo, onde todos se sentem valorizados e têm a oportunidade de contribuir plenamente.
A diversidade de perspectivas e experiências enriquece o processo de tomada de decisão e impulsiona a inovação. Portanto, é fundamental que líderes e gestores adotem práticas inclusivas e promovam a igualdade de oportunidades para todos os membros da equipe.
Referência(s)
Keylla Mara Campos da Silva e Adriana Katia Corrêa – O TRABALHO EM GRUPO: VIVÊNCIAS DE ALUNOS DE ENFERMAGEM