A construção da confiança

Share

por Ronaldo Lundgren.

A construção da confiança

Este texto baseou-se no trabalho de Ana Márcia Batista Almeida. (*)

Confianca


Como é que você confia em alguém que você não conhece? Essa é a primeira dificuldade […] Acho que você leva a vida toda construindo relações de confiança e o lado perverso da coisa é que você a destrói num ato. Ou seja, pra construir, leva a vida toda e, para destruir, basta um movimento errado, a falha mesmo, e você gera a desconfiança. (Antonio, consultor)*

O que é confiança?

É um sentimento de quem acredita na sinceridade de algo ou de alguém. Para a psicóloga Denise Rousseau, a confiança é expressa como “um estado psicológico que compreende a intenção de aceitar uma vulnerabilidade baseada em expectativas positivas das intenções ou comportamentos de outro.”

São dois fatores que propiciam a confiança: 1) a expectativa positiva de que o comportamento da outra parte trará benefícios mútuos; 2) a escolha em tornar-se vulnerável, em virtude desta crença. A vulnerabilidade porque você aceita correr um risco, devido à falta de garantias de que a outra parte realize aquilo que você confia.

Risco cria a oportunidade para a confiança que, por sua vez leva à tomada de riscos. E assumir riscos, numa dada relação, alicerça um sentido de confiança quando o comportamento esperado da outra parte se materializa.

A confiança aparece associada à propensão do indivíduo a confiar, associada à existência de elementos constitutivos da confiança, identificados no outro. Esses elementos são:

- a habilidade: o conhecimento que um indivíduo possui possibilita que outros indivíduos o considerem confiável nos assuntos que ele domina;
- a benevolência: ao agir sem esperar recompensas, a pessoa demonstra uma orientação positiva, alimentando um ambiente que favorece a confiança;
- a integridade: quando se nota que o indivíduo segue um padrão de princípios, suas ações e atitudes são, de certo modo, previsíveis, o que ajuda na construção da confiança.
- a transparência: como indicativo de uma conduta que privilegia os parceiros no relacionamento, a partir do compartilhamento de informações que interessam às partes;
- a reciprocidade: pelo fato de um indivíduo mostrar-se confiável, a outra parte procura assegurar que as suas próprias promessas sejam cumpridas.

A construção da confiança

A confiança é adquirida no cotidiano da relação entre os indivíduos. Não é um processo construído unilateralmente. Ao contrário, pressupõe experiências vividas em conjunto. A construção da confiança está, a todo o momento, sendo negociada entre as partes e “a renovação contínua do contrato que assumem uns com os outros reflete as experiências com a confiança”.

Durante a execução de tarefas nas organizações, principalmente as tarefas mais desafiadoras, é que as pessoas aprendem a confiar umas nas outras. O laço social da confiança é enraizado de forma lenta. Quando se adotam soluções de curto prazo, objetivando acelerar a criação da confiança entre membros de uma equipe, não há o tempo suficiente para a maturação das relações baseadas na confiança, acarretando limitações a sua construção.

Algumas atitudes consolidam a percepção que os outros têm de uma pessoa confiável.

Seja previsível

Muitas pessoas acreditam que devem estar sempre agindo de forma diferente, não querendo passar a imagem de alguém tedioso. Ser tedioso não é bom, mas existem maneiras de você ser interessante, portando-se de modo que seja visto como confiável. A estabilidade e a uniformidade fortalecem e são importantes para a construção da confiança. Uniformidade pode parecer algo chato e todos nós gostaríamos de algumas surpresas na vida, mas você precisa ser previsível para fazer as coisas funcionarem a longo prazo. Previsibilidade gera confiança.

Seja confiável

Se prometeu, cumpra. Quando você confia em alguém significa dizer que você pode contar com aquela pessoa. Você confia naquela pessoa para fazer certas coisas a qualquer hora. Essa confiança constrói segurança em um relacionamento.

Seja especialista na sua área

Em outras palavras, se você acredita que uma pessoa não é competente em algumas coisas ou em todas as coisas que ela faz, a sua confiança nela não será sólida. Torne-se reconhecido por sua capacidade. Contudo, sem procurar ser o “dono da verdade”. Para aquilo que não domina, reconheça sua limitação e aponte caminhos para atender a outra parte que lhe procura. Assim, você se torna confiável.

Aprenda a dizer não

Não tem problema tentar atender a todos que o procuram, mas às vezes dizer não é tão válido quanto. Você não pode fazer tudo sempre. Na verdade, você vai ganhar algum respeito quando se recusar a fazer algo de vez em quando.


(*) Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração, na área de Gestão Organizacional, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco – Recife, 2007.

publicado
Categorizado como Motivação

Por Ronaldo Lundgren

Possui graduação pela Academia Militar das Agulhas Negras; é Mestre em Estudos Estratégicos pelo US Army War College; e Doutor em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

Deixe uma resposta